Pura
Se meu amor não tivesse asas,
Não serviria-te destas asas eternas,
Os meus olhos chorariam as águas,
O regar das flores seriam maternas!
Tendo eu asas, sendo como pluma,
Posso levar-te mulher...
De praia em praia, sobre a leve espuma,
Sob a luz da lua, basta eu escolher!
Eu com ousadia, se pela face,
Roçasse o rijo que a tua fêmea fez
E, tu fêmea, se com força respirasse,
Não hesitaria em derramar-me na tua morena tez!
Ah, mulher, a luz do teu olhar me usa,
Tua maneira de ser, de mim, abusa,
És como águia livre que passa e cruza
A terra de ninguém, mas terra tua e pura!