Tome nota

Mas se for pra só me ler de longe,

amar no escuro, sem rosto,

ouvir um agudo sem dona

Se for pra fingir que não

E pra esconder de si (!)

Ópera de fantasma não me serve

Olha bem pra boca da voz

à luz branca do dia sem sol

Repara nos peitos murchos

nos mamilos endurecidos, pretos

na carne flácida, curtida.

Nota a nudez do rosto que amanhece

Um segredo lúcido, desavergonhado

Segredo pela graça de ser

Do rebuliço amordaçado

Ciente de si, alheio de resto

Do beijo de supetão – patenteado

Semblante destrancado – sem ‘esqueminha’

Me anota desde o pé

Esboça meu sorriso

Fotografa meu olhar teu – teu olhar meu

Reporte sem me pautar, com a língua

Que a cabeça vai de rodapé.

Adriana Campos K
Enviado por Adriana Campos K em 21/03/2013
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