Tome nota
Mas se for pra só me ler de longe,
amar no escuro, sem rosto,
ouvir um agudo sem dona
Se for pra fingir que não
E pra esconder de si (!)
Ópera de fantasma não me serve
Olha bem pra boca da voz
à luz branca do dia sem sol
Repara nos peitos murchos
nos mamilos endurecidos, pretos
na carne flácida, curtida.
Nota a nudez do rosto que amanhece
Um segredo lúcido, desavergonhado
Segredo pela graça de ser
Do rebuliço amordaçado
Ciente de si, alheio de resto
Do beijo de supetão – patenteado
Semblante destrancado – sem ‘esqueminha’
Me anota desde o pé
Esboça meu sorriso
Fotografa meu olhar teu – teu olhar meu
Reporte sem me pautar, com a língua
Que a cabeça vai de rodapé.