É só pensar em seus lábios que me elevo ao pleno delírio de uma existência completa.
É só pensar em seus lábios que me elevo ao pleno delírio de ser só eu e você.
Deixe-me saborear o gozo de sua mente feminina, e pincelar com meu jeito masculino de ser só...
O que sobra é o tempo da chuva, que entope meu ralo, enche minha casa e lava nossas roupas – sim, eu quero e vou ficar nu.
Eu quero sentir seu corpo, apalpar sua pele e sentir suas veias se estufarem...
E, se eu não te prometer nada para não te frustrar, você acredita que sou eu o pedaço de chão e o remoço de uma vida?
Eu não prometo amor eterno, mas reivindico a eternidade por você.
Se nesse tempo existir um templo onde eu possa sentir a paz e meditar, todos os meus pensamentos se elevarão a um só lugar, a você.
Como se nos tivéssemos um mecanismo de ligação, mas não sabemos.
Como se a vida pedisse para juntarmos, nem que fossem trapos, nem que fossem os corpos, nem que fossem as almas...
Como se a cama recrutasse-nos ao descanso; descalço, desnudo, alisto-me por boa vontade. Você vem?
Juntando-nos os cacos, recompomo-nos nos trapos, nus corpos; nossas almas elevam-se à eternidade do momento.
É só pensar em seus lábios que me elevo ao pleno delírio de uma existência completa.
Renato F. Marques