O Rio e a Musa
O rio que leva a folha caída,
de Outono amarela caiada,
conta sempre da doce sina
do Poeta que ama Cristina.
Conta dos versos constantes,
dos sonhos delirantes
e da saudade premente
por toda carícia ausente.
Fala dos arroubos indevidos
que a sobriedade burguesa
já não lhe permitiria,
mas que solenemente é esquecida
em cada poesia parida.
E sem pressa repete,
da febre que há nos desejos insensatos
e do puro pudor de todos os atos.
E em cada curva que ultrapassa,
relata a nostalgia, a saudade
e a melancolia que não passa.
Até que chegando ao fim do caminho,
entrega à Rainha do Mar
a história da Musa Cristina
e do poeta de doce sina.
Em paz, dissolve-se no Mar.
Cumpriu seu destino.
Regou o Mundo
com o santo desatino.
Para a Musa Cristina,