MÊS DE OUTONO
Perdi você no pensamento,
Nas vias do atroz esquecimento,
Nas margens da miséria afetiva,
No sangue da imensurável Ferida,
Nas trilhas do caminho, perdido.
Perdi você como quem conta estrelas opacas,
Sentindo o vento frio pincelar tristeza na pele.
Na frieza do auto-abandono,
Nos momentos de alegria breve.
Num mês carencente de outono.
Perdi você como quem perde o sono
E enfrenta os dias sem nunca ter sonhado.
Sensação de ter vivido uma noite em branco.
Perdi você, quando e como?
Na letra de uma canção
No desviar dos olhos,
Na morte da imaginação
Nas horas que se passaram,
Nos raios de sol de verão,
Nas folhas que despencaram,
Das árvores que não plantamos
Em meados daquela estação.