Luto Pela Magia Desfeita
Não hoje, mas ontem me encontrei contente no fundo dessa sala abarrotada de tralhas inúteis.
Torta alma de poeta é a minha... Que mesmo por um milésimo de segundo se encontra feliz.
Não é raro, sim nefasto.
Inconcebível. Improvável.
Porém, como as leis são únicas, não se é possível contrariar a Natureza (o natural do poeta é estar agoniado, odiado de menos e amado demais, mas nunca em felicidade plena, dizem as escrituras sagradas (não escritas) que felicidade não entra em poesia, poesia entra em felicidade).
Assim estando, parte de mim chora, em luto.
Pelas almas abandonadas,
Pelos sonhos sufocados...
E, inconformada a ponto de gritar – sendo esta a mais incômoda sentença - lamenta por todos aqueles que desistem do amor.
Insanos são os que desprezam a única magia que podem ver e sentir durante toda uma penosa existência! Dizem as mesmas escrituras sagradas que amor é vida, e não há vida sem amor, ao passo que há amor sem vida.
Você pode amar uma pedra.
A pedra não pode te amar.
Logo, não há essência inteligente existente sem amor... E a vida que se proclama isenta desse sentimento, não é essência, não é inteligente!
Em suma, não existe! Deixa de existir ao passo que não ama... O não amor é inexistência, ingratidão semimorta!
Contra corações não há argumentos.
Foda, se cientista. A sua ocitocina explica meio sentimento, não o todo. O todo é luz, o todo é essência inteligente existente... É vida, e tudo isso é amor.
Foda, se incrédulo. Nos seus últimos suspiros – primeiros, porque não viveste – compreenderá esta verdade que vos revelo e sentirá a essência. Sua vontade será repassar a luz, mas a vida não soprará mais em seu coração. Eu estou certa! Certa. E feliz. Porque eu sinto o todo além da sua ciência, além da sua incredulidade ridícula.
Foda, se desprezado. A sua dor evita outro sentimento, nunca o amor! Nos seus últimos anos de vida – que serão os primeiros, pois que em sua vida não viveste – verás e sentirás a essência inteligente existente em todo Universo, que se apresentará como verdade – que você ousa distorcer.
Foda, se banal. A sua promiscuidade evoca outras sensações, nunca a mais pura que agora apresento! Nos seus últimos beijos – que serão os primeiros, visto que em sua luxúria nunca havia beijado – reclamarás da luz que ofusca seus olhos. Luz esta que é o amor!
Enfim,
Foda-se, incrédulo cientista desprezado banal.
Foda, se for difícil entender.
Foda, caso for impossível crer.
Por meio das palavras mais baixas, eu posso (e vou) convencê-lo da existência de um sublime sentimento chamado essência inteligente existente (vulgo amor).
Ah,
Foda, se não quiseres me ouvir!