O Drama e a Intensidade

O drama e a intensidade de um puro amor marginal

explode em bofetões na mesa ao lado.

Exilados em qualquer botequim da Boca do Lixo,

personagens vestem essa noite de pré Outono

que a fria garoa anuncia nos corpos seminus.

São figuras que rodam pelas páginas desse folhetim

sem que exista algum Thiago de Melo para cantar

a crua beleza do instante que se cristaliza em vermelho.

Choram os olhos da moça traída pela má sorte e pela má vida.

E baços assistem o amado seguir a puta que não deveria existir.

Paixão, ódio e amor escorrem junto ao rímel.

Opacos, eram olhos que insistiam em crer que os Destinos se alteram.

Pranto miúdo, abafado. Desses, que quase não se percebe

e do qual logo se esquece,

pois basta um violão e um instante para que a dor que bebe comigo, reviva a saudade da Musa Amada. Reviva a inutilidade e o despropósito de quando a vida é só depósito.

No fim do palco, um poeta mambembe declama versos desconexos.

Sei-me livro a recolher os escritos do Mundo. E a sonhar o dourado

que só se avista nos Poentes de Florença.

São coisas do amor. São coisas da cidade.

Para a Musa Cristina de Almeida Rodrigues.