Faces

De repente percebi que tudo tinha chegado ao fim

Nada mais poderia ser recuperado, mas me enganei,

Era apenas uma crise que abatia sobre mim, levando

Momentaneamente todo amor que um dia conquistei.

Esqueci-me de que o amor dependia da conquista diária

Com gestos e atos da emoção silenciosa e verdadeira

Embrenhei-me no mundo da razão que considera e fala

Das coisas concretas que no dia-a-dia a verdade tateia.

Vivi só por viver, como o robô que no pátio se empenha

Na realização do trabalho pesado, esqueci-me do amor,

De amar e ser amado, de repente tudo se fez como fogo

E a lanha, o coração era cinza e o corpo dilacerado.

Moribundo num canto eu sentei, fechei os olhos e pensei

Voltei aos tampos antigos em que o amor era mais amante

Que amigo, lembrei-me de quando eu era criança, a vida

Era um palco sereno e entre o anseio e a causa o amor era

Perene e unissonante.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 19/03/2007
Reeditado em 19/03/2007
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