now but never

não precisa ser nua

não precisa ser now

queria somente o mingau

que vinha do meio das pernas

que você deixou bem abertas

na minha alucinação

talvez querendo acolher

o pobre ferrão do zangão

ou mesmo, quem sabe, esconder

a língua no seu alçapão

de doces beiradas barbadas

engulo a torrada molhada

naquela cor de açafrão

e dou com a cabeça na escada

ao abotoar o blusão

você dá aquela risada

dizendo que sou desastrado

ou debochando e de lado

olhando a chuva que cai

os pingos molhando a janela

tal como o quadro que fiz

e que você quis sem saber

se fui eu mesmo o pintor

eu só queria o sabor

disso e de tudo de novo

mas não precisa ser now

só que não pode ser never

Rio, 17/07/2006