AMOR DE PRIMAVERA

O mundo inteiro deixa de existir

Quando tu volitas palavras sussurradas de amor

Que escorrem sedentas e sem pressa

Flutuam por dentro do fosso de meus ouvidos

Atiça meus instintos nos palácios de meus vulcões

Descem mornas mais enlevam a alma deixando-a mais leve

Que o breviário de um amante que devora sua presa ilesa

Nos colos vacilantes sucedâneos dos instantes

É como se os ventos das nuvens fossem plumas

Como se das dunas fossem escumas

Saliento as volúpias de tuas brumas de hortelã

Tua pele cintilante de Cardigans

Minha deusa pagã

Teu cheiro essencial e doce de romã

Fico leve descendo pelo serelepe colo de tobogã

E a vida passa assim convulsa e rapidinha

Como a noite que no negror da madrugada se aninha

E Deus vai tecendo o destino de todos na linha do horizonte

E eu subo nos teus montes bordados de alecrim

Nos teus cabelos selvagens como crinas de cetim

Vou dançando entontecido vagando em minhas valsas

Nas salsas de teus versos de ancas umidas e acesas

Vou queimando minhas preces

E antes que o dia amanheça

Na madrugada infinda que o sereno chouteando tece

Um beijo terno com fragor

Estalo na maçã do rosto de minha menina meiga e bela

Que no meu cingido jardim secreto adormece

E quando acorda traz com ela a sutil fragrância da primavera...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 06/03/2013
Reeditado em 07/03/2013
Código do texto: T4175101
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