AMOR DE PRIMAVERA
O mundo inteiro deixa de existir
Quando tu volitas palavras sussurradas de amor
Que escorrem sedentas e sem pressa
Flutuam por dentro do fosso de meus ouvidos
Atiça meus instintos nos palácios de meus vulcões
Descem mornas mais enlevam a alma deixando-a mais leve
Que o breviário de um amante que devora sua presa ilesa
Nos colos vacilantes sucedâneos dos instantes
É como se os ventos das nuvens fossem plumas
Como se das dunas fossem escumas
Saliento as volúpias de tuas brumas de hortelã
Tua pele cintilante de Cardigans
Minha deusa pagã
Teu cheiro essencial e doce de romã
Fico leve descendo pelo serelepe colo de tobogã
E a vida passa assim convulsa e rapidinha
Como a noite que no negror da madrugada se aninha
E Deus vai tecendo o destino de todos na linha do horizonte
E eu subo nos teus montes bordados de alecrim
Nos teus cabelos selvagens como crinas de cetim
Vou dançando entontecido vagando em minhas valsas
Nas salsas de teus versos de ancas umidas e acesas
Vou queimando minhas preces
E antes que o dia amanheça
Na madrugada infinda que o sereno chouteando tece
Um beijo terno com fragor
Estalo na maçã do rosto de minha menina meiga e bela
Que no meu cingido jardim secreto adormece
E quando acorda traz com ela a sutil fragrância da primavera...