ELIPSES DE AMOR

Porque sinto frio quando penso em ti, e ao mesmo tempo calor

Desenhando nos meus mundos escondidos

Elipses de amor

Dizem que o mundo é redondo, mas não acho tal extraordinário

Porque se tal fosse a terra não estaria ao contrário

E eu não te amava na sensação estranha de ao mesmo tempo não amar

Sombra que anda desencontrada da luz, destinadas ambas a nunca se encontrar

Redondo ou não era engraçado que tudo não passasse de um imenso plano

Onde eu faria planos e engendraria mil e uma formas de dizer que te amo

Caminhando para te encontrar sem parar até ao final do sonho, da terra

Colhendo os seus frutos pelo caminho e dando-tos no fim da odisseia, pessoa terna

E eu que nada percebo de matemática e muito menos de geometria

Por ti as mais sublimes catedrais de afecto a ti desenharia

Passando as noites a imaginar

Como seria o planeta redondo, como seria o bafejo perfumado teu amar

E por isso, na minha eterna ignorância matemática

E por isso mesmo tremendamente problemática

Faria as contas de um mais um não serem igual a dois

Serem igual a um, conta que protelo sempre para depois

De mais uma madrugada demasiado bem regada

E em companhias voláteis que não são tu, pessoa amada

Em exageros infinitos que parecem não terem fim

Que são o espelho do que eu estou a fazer a mim

No desespero sóbrio e demasiado bem contido

De nunca quereres estares comigo

E por isso…Parto espelhos, rasgo contas, exerço a lei do impossível

Nada tenho a não ser o que sou, mundo imenso, mundo risível

Onde, não perguntes porquê, ainda assim consigo ser feliz

Não perguntes porquê, porque da mesma forma que as minhas contas estão erradas,

Da mesma forma há pessoas assim

Escondidas de si próprias, na sua peculiar geometria

Sou assimétrico nas minhas múltiplas facetas de sonhador

Esboçando e delineando eternos carinhos que se podem ver nas minhas

Elipses de amor