Sim, eu sei o que é o amor e todos os seus orifícios e martírios.
Sim, eu sei o que é o amor e todos os seus orifícios e martírios.
Eu sei o que são as dores da sensibilidade. Eu sei o que é o calejo dos choros sem lágrimas,
Enquanto me enquadro na solidão de um quarto vazio, de um coração desfragmentado.
E essa roupa suja que fica nesta máquina, que só me bate e bate, mas não lava, não vigora, não amacia.
Quem dera se tivesse um amaciante para poupar meus protestos...
Quem dera se tivesse alvejante para tirar as manchas deste decorrido tempo...
E eu aqui sozinho, discutindo sobre a vida como se tivesse alguém me ouvindo e se interessando pelas minhas lamentações.
Eu aqui, achando razões de raciocínio onde eu me encaixe neste amor.
Por tantas ruas eu passei, por tantos vagões eu me embarquei, mas nunca a encontrei. Por onde estás?
E essa noite que não passa, essa solidão que me abraça... Não basta viver sozinho nesta insegurança de noites pouco adormecidas; basta deixar as lágrimas caírem.
E, neste chão em que me aprofundo, talvez haja uma margem em que eu possa repousar e pôr a mente em equilíbrio.
Eu tento estudar que comportamentos nascem dos processos neurológicos da visão, audição, olfato, paladar, tato e sensação, para que eu possa me compreender, e, com isso, compreendê-la por que terras estás.
E, se tu me vês, então aparece, pois todas as noites eu me parto, como nesta noite...
Renato F. Marques