Sim, eu sei o que é o amor e todos os seus orifícios e martírios.

Sim, eu sei o que é o amor e todos os seus orifícios e martírios.

Eu sei o que são as dores da sensibilidade. Eu sei o que é o calejo dos choros sem lágrimas,

Enquanto me enquadro na solidão de um quarto vazio, de um coração desfragmentado.

E essa roupa suja que fica nesta máquina, que só me bate e bate, mas não lava, não vigora, não amacia.

Quem dera se tivesse um amaciante para poupar meus protestos...

Quem dera se tivesse alvejante para tirar as manchas deste decorrido tempo...

E eu aqui sozinho, discutindo sobre a vida como se tivesse alguém me ouvindo e se interessando pelas minhas lamentações.

Eu aqui, achando razões de raciocínio onde eu me encaixe neste amor.

Por tantas ruas eu passei, por tantos vagões eu me embarquei, mas nunca a encontrei. Por onde estás?

E essa noite que não passa, essa solidão que me abraça... Não basta viver sozinho nesta insegurança de noites pouco adormecidas; basta deixar as lágrimas caírem.

E, neste chão em que me aprofundo, talvez haja uma margem em que eu possa repousar e pôr a mente em equilíbrio.

Eu tento estudar que comportamentos nascem dos processos neurológicos da visão, audição, olfato, paladar, tato e sensação, para que eu possa me compreender, e, com isso, compreendê-la por que terras estás.

E, se tu me vês, então aparece, pois todas as noites eu me parto, como nesta noite...

Renato F. Marques

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 03/03/2013
Código do texto: T4170097
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