*_ DE OLHO NA NOITE...


Vou descansar o meu coração.
Nada de recolher cadáveres, que descem
rio abaixo.
Nem tirar esqueletos de armários...
Vou deixa-los repousarem, em suas
tumbas de amores findos...
Os segredos dos mortos devem ser
enterrados com os próprios mortos.
Nada de afiar a espada no dia de hoje.
Nem matar as criaturas negras de olhos
vermelhos da noite.
É a noite do silêncio quebrado apenas
pelos pássaros de cantar melancólico
ao longe.

Lapides negras...

O lugar sagrado é um contraste com
minha espada de lamina brilhante a se
arrastar pelo mármore .
Não mais deixarei que as garras, rasguem
as gargantas dos vivos, para que os
mortos se alimentem da alma que há no
sangue.
Então ela veio com a lua.
Embora fosse noite, seu rosto não perdia
nada em beleza para a luz do dia.
Sua face não era uma poesia, mas um
manuscrito indecifrável que guardava
segredos antigos.
Sabia que seu coração selvagem
sangrava por mim.
Mas sabia também que nossa história
estava apenas começando.
E sob o olho da noite, nos unimos num
beijo imortal.

E lá embaixo os cadáveres rodopiavam
levados pelo rio, na dança dos
esquecidos...