Chega de amor mixuruca
O estio do desengano seca o córrego do amor,
Desamor com sua têmpera faz-nos refratários;
Novo sonho é abortado de modo quase indolor,
Afinal optamos pela fase inda lactante da dor,
E descartamos anseios dúbios, embrionários...
Solidão é velha rabugenta mas, não nos engana,
Uma dor assim consentida, como vida de atleta;
Prática, sem fantasiar, assoviar e chupar cana,
latinos apregoavam corpore sano in mens sana,*
pelo bem do copo, pois, deixo minha alma quieta...
Não vou armar arapucas ao amor que belisca,
Pelos carreiros da mata, grão aqui, outro acolá;
Nem usarei minhas melhores palavras como isca,
sequer acatarei presto a que em minha volta cisca,
Se sedução bater, digam que meu amor não está...
Claro, não pretendo balançar só, em minha rede,
Carência incomoda muito, e sabem os meus iguais;
Quero um amor que surja derrubando as paredes,
Que se jogue em minhas águas morrendo de sede,
De modo tal, que, nem saibamos que vai beber mais...
*O original é “mens sana in corpore sano” Frase do poeta latino Juvenal que significa, uma mente sã, num corpo são.