A DOR QUE TUA AUSÊNCIA TRAZ
A cada volta me dizias... "amor, inesquecível amor,
com pôde pensar que eu não voltaria?
Cá estou, como sempre. Não fale nada. Os olhos
dizem muito mais. A vida sempre nos traz surpresas.
E esta é uma delas. O tempo passou, não o sentimento.
Porque a demora? Nem sei.
Talvez porque a vida trouxe outras surpresas antes,
impedindo que eu aqui voltasse. Mas que importa?
Cá estamos e vejo nos teus olhos, o mesmo brilho,
a mesma doçura dos tempos idos.
Não fale das lágrimas e nem da dor da espera.
Já não importa. Descobri enfim que, juntos,
somos o verdadeiro caminho..."
Assim dizias sempre, a cada volta.
Mas foram noites e dias, longos, sofridos, amargos,
cheios de solidão e de saudades,
sem que no entanto voltasses!...
Fui seguindo em meio a atropelos, incertezas,
mágoas, coração apertado e tantas tristezas
que perdi a conta... e agora voltas, de mansinho,
como se a vida começasse hoje!
Mas que dizer das noites de solidão,
da tua ausência tão presente,
do abrir a porta e não te ver,
da procura vã por teu abraço?...
Não. É tarde, muito tarde. Já não existe mais
o caminho que tu falas. Ficou lá atrás,
perdido no tempo, esquecido pelo descaso.
E até as lembranças se foram...
Mas na verdade, quando te digo assim,
é porque não quero que tu saibas
que ainda te espero. E quanta dor
tua ausência... ainda me traz!