Dorme a noite na caixa de Pandora

Dorme agora a noite arrecadada

dentro da mágica caixa de Pandora.

Para lá da Ilha, bojuda, tomba silente a Lua,

entre o colo inflado do Mar.

Refulgente.

Ao Sol Nascente, pássaros videntes,

emergem fundidos no fulgido e no gemido.

Todo o secular abismo se ilumina.

Sem batentes, a porta aberta da alvorada,

é perfil líquido de estrada.

Cartografada, uma nova linha,

resquício da noite, aquém ensanguentada,

no toque urgente, inflamado de Centauro.

Desflorada,

projecta-se em mil brilhos, fragmentos de espelhos,

ninfáticas névoas de túrgidos seios nautas.

Denteados

p’los ávidos beijos de bicos amarelos de gaivotas.

Não, no palanque do Céu, já não dançam Pássaros tristes..

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 18/03/2007
Reeditado em 14/04/2007
Código do texto: T416727
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