Uma boca e um olhar
Uma boca fala para um olho ver
Que tudo se cala ao anoitecer
Uma boca diz a esse olhar feliz:
Vítrea íris, verde verniz!
Uma boca finge ser uma esfinge
O olhar de mil segredos se tinge.
Uma boca mente ao olhar clemente
Se o olho não vê, a boca não sente!
Uma boca deseja que o olho veja
Que o olhar enseja, mas só ela beija!
Uma boca tem um gosto de anis
Lábios pedintes de meretriz
A boca que fiz o olhar não quis
Gestos gentis, carinhos sutis
A boca continua e logo insinua
A língua nua no olhar flutua
A boca implora: sou toda tua!
Teu olhar meu gosto tatua
Mas o olhar, insensível
Achando a boca horrível
Tende a ser desprezível.
As pálpebras vão se cerrando
E a boca vai bocejando...
Uma boca ao olhar algo quer dizer
Mas tudo se cala ao anoitecer!
*Cindy sleeping. Ron Schwerin. Oil on canvas.
Uma boca fala para um olho ver
Que tudo se cala ao anoitecer
Uma boca diz a esse olhar feliz:
Vítrea íris, verde verniz!
Uma boca finge ser uma esfinge
O olhar de mil segredos se tinge.
Uma boca mente ao olhar clemente
Se o olho não vê, a boca não sente!
Uma boca deseja que o olho veja
Que o olhar enseja, mas só ela beija!
Uma boca tem um gosto de anis
Lábios pedintes de meretriz
A boca que fiz o olhar não quis
Gestos gentis, carinhos sutis
A boca continua e logo insinua
A língua nua no olhar flutua
A boca implora: sou toda tua!
Teu olhar meu gosto tatua
Mas o olhar, insensível
Achando a boca horrível
Tende a ser desprezível.
As pálpebras vão se cerrando
E a boca vai bocejando...
Uma boca ao olhar algo quer dizer
Mas tudo se cala ao anoitecer!
*Cindy sleeping. Ron Schwerin. Oil on canvas.