Esmaecido

No elo que se parte a contragosto,

as marcas de um inferno bipartido.

No peito a veste usada de um agosto

se despe num setembro adormecido.

Na carta, em mãos, deixada sobre a mesa

o resto de um amor que se viveu.

No tempo o descompasso da certeza,

no sonho uma visão que se perdeu.

A porta de um verniz já desgastado

se fecha para o mundo embriagado

de males que não pode combater.

As cores que mesclavam a floreira

perderam a beleza feiticeira

na branca e etérea paz do amanhecer.

SP, 20/07/2004

2:00 horas

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 10/08/2005
Código do texto: T41650