Onde está o amor?
Onde está o amor?
Onde está o amor?
Na boca dos poetas que fabricam amores e adornam o mundo com seus versos comprados, “apesar dos olhos”?
Na feia que apenas olha a vida escondida atrás da janela, sonha com galanteios e afagos de um príncipe, não tão encantado?
Na boca de bêbados que tomam suas angústias e naufragam em lágrimas?
No trovador que corteja a lua e faz serenatas despertando o silêncio?
Nos amantes que prometem carinhos eternos e fazem juras de cumplicidade?
Nos religiosos que pregam a sua fé e a salvação através de uma "verdade"?
Nos solitários que vivem acompanhados de suas lembranças e da sua própria companhia?
Nos velhos que caminham lentamente pelo mundo, ou no novo e na sua sofreguidão?
Onde está o amor?
No coração dos tímidos que encenam gestos para poder concretizá-lo?
No galã e na bela que expõem seus corpos para conquistar?
No arrependimento do pecador que de joelhos se flagela?
No perdão do traidor e no dedo apontando os pecados?
No sonho que jamais passará de sonho?
No desabafo do inconformado e no discurso do revoltado?
No drogado e em suas “viagens”?
Na missa e no culto no intuito de fabricar fiéis?
Nos sádicos e nos masoquistas que se torturam e se afagam em conluio?
Na prostituta e no garanhão que cobram seus sentimentos?
No louco que denuncia e no lúcido que cala?
Onde está o amor?
O amor, talvez, esteja por aí.
Anda em muitos, fica em poucos.
Ele se mostra, não se exibe.
O amor murmura, não grita.
O amor é, simplesmente, amor.
Ele, sempre, está!
Mário Paternostro