Quarenta graus (40ºC)

Nas primeiras horas do dia

quando o dia ainda é noite

e o Sol é uma Lua alaranjada

há um calor latente no quarto

insetos zunindo nos ouvidos

uma onda de choque raivoso

sob dos pés a cabeça.

E a há outra onda

por baixo do edredom

cheia de desejos e excitação

há uma onda por baixo da camisa de pele...

Martelos, pás e picaretas

marretando, batendo, batendo

pelo lado de dentro

tentando encontrar uma passagem

para o ar quente

é um mecanismo vulcânico.

Algo quente demais por baixo da carne

querendo irromper, querendo explodir

e seu rosto são fagulhas nos meus olhos

e seu nome é agua na minha boca

e eu sou um objeto com um cigarro pendurado de lado

sou um mecanismo de Deus projetado para

sentir dor

sentir medo

sentir fome

e reclamar do tempo.

Pensar em amores platônicos

e calcular as calorias dos sagrados alimentos.

Eu sou um objeto inerte no seu tapete

contemplando a tv

com os mais nobres classicos de hollywood

e tocar a ponta do seu pé

com a ponta do meu pé

e te beijar

de leve, mas com amor

e pensar que agora um trago cairia bem

e pensar que é tarde demais ou

cedo demais

pra sentir paixão.

E sentir que há uma onda de choque

dentro de mim

querendo romper os meus fios de cabelo

e explodir.

E expandir o meu corpo por

toda a extensão do seu tapete...

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 26/02/2013
Reeditado em 26/02/2013
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