A PAREDE???
De repente encontrei uma parede
Que se achava lá longe no infinito
Perguntei se havia algo além disso
Mas poderia na alma um ser ser finito?
De repente transpus a aventura dos ventos
À alma dos vendavais atarraquei um ouriço
E na singularidade predicativa de um objeto
Pensei se seria o tempo ou mais que isso
De repente perdi o encanto
Dos aniversários, dos amores febris
E quando tudo ia já se esvaindo
Percebi-me idoso, na geriatria das loucuras infantis
De repente percebi nas lápides da nossa pós-vida
Folhas caídas, palavras não digeridas, frases em vão
Olhei novamente a complexa alma humana e a parede
E descobri que não a formosura, mas o mistério desperta a paixão
De repente descobri que a alma se eterniza nestas cascas ocas
Fazendo-me desejar o beijo gostoso das feias nas redes
Ah! Como amo suas ardentes e belas bocas
Que belas paredes! Que belas paredes!