Dos beijos que eu te dou...

Amo-te tanto...

Que aborreço-me comigo mesma.

Pois que quando a minha boca beija o teu céu...

Trago... para dentro de mim... as estrelas todas tuas...

E já esqueço, então, das tantas minhas...

E roubas-me tu de mim as tantas mulheres de mim.

E sorvo eu as dores tuas...

E os sonhos teus no trago que dou...

Meu... da boca tua...

E no pouso do olhar meu... taciturno... no olhar teu.

E já não enxergo mais nada e cega-me o teu amor...

E abraça-me... e aquece-me com o manto dos sonhos teus...

Manto aquecidinho... que tem o olor da eternidade...

E quero eu ficar... e nunca mais sair do abraço teu.

Amo-te tanto...

Que apiedo-me de mim mesma.

Que vivo dos sonhos teus... dos dias teus...

Dos desejos teus e das cores tuas... e o teu tom?!

Não cantes agora... deixa-me dizer-te:

Ah... é o único tom que gosto eu de ouvir...

E quando sorvo-te... e trago-te num beijo de amor...

Sopro-o depois na boca da lua...

Que sente... e ilumina-se inteira...

E coze, então, algumas estrelinhas...

Outras, são gotinhas de chuva e brisa fresquinha...

Que regam... regam de mansinho... o meu amor.

E trazes tu... assim... o sol...

E guardo-o no meu bolsinho menino...

E secas tu, então, o bolor dos sonhos desfeitos meus...

Úmidos... das chuvinhas de mim...

E recomeço... e refloresço então...

E acredito... em quase tudo.

E sou água de riachinho... e não estanco.

E nem passarei novamente nos mesmos lugares.

E, mesmo se ainda assim o fosse, os mesmos lugares não estariam estagnados... apenas à me ver passar: despido, úmido... riachinho.

Com todos os teus beijinhos guardados... molhados...

No bolsinho menino de mim.

Karla Mello

25 de Fevereiro de 2013

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 25/02/2013
Reeditado em 26/02/2018
Código do texto: T4158345
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