A musa e o poeta
Viu ela o poeta,
Ah!, doce reencontro.
Musa de tempo outro,
De um tempo que não se encerra.
Poeta e musa,
Par já conhecido!
De longa fama se usa,
Desde que o homem por homem é tido.
Mas essa dupla... !
Mas esse poeta... !
Não viu na musa,
A antiga musa que era.
Algo faltou,
Que seria?
Na duvida o poeta murchou,
Enquanto a musa se ria.
Ela falou da vida,
Mas da sua nova.
Poeta que não acredita:
'E o que foi feito da antiga!?'
Tudo sucumbia.
Musa não tinha mais.
Tempo fazia
Que o poeta a perdia.
Perdeu ela o encanto,
O jeito de si,
De certo não fazia pranto;
Musa que agora só ri.
Nem a face corada,
Dela forte traço,
Suportou o desembaraço
Da nova vida agitada.
Ah, poeta agora ateu!
Passaram os anos,
De amor sofreu tantos,
Mas a musa era o único amor seu.
Esperava que ali,
No reencontro descabido,
Retomasse para si
O que em dor havia perdido.
Mas a musa não mais era.
'Liberdade!' gritou ela
Com o vir das suas dores,
Com o partir dos seus amores.
Ah, a memória resta,
E dela faz uso o poeta.
Lembra de um tempo ido,
De quando da musa era o preferido...
De quando o poeta e ela
Como um ainda existiam.
E ela, absoluta,
era acima de tudo
Musa completa.