O MEDO DE PULAR E CAIR
Quando a luz reflete no teu olhar
E vem direto a mim, e somente em mim
Sem qualquer jeito venho a me sentir
Teu sorriso é dádiva, a meu ver uma escolha
Meu sentimento é uma porta trancada
De uma janela, te olho, assustado, à espreita
Vejo em ti várias certezas, em mim o receio
A janela é alta, eu fico logo um tanto tonto
Eu tenho medo do escuro, escuro longo
A escada está quebrada, a árvore cortada
Às vezes eu me acordo no meio da noite, madrugada
Para ver se vem coragem, essa sumiu coitada
Sem ao menos uma chance de dizer tudo, que nada
O sol raia, o galo grita, a luz brilha sobre a Terra
Meus dias se passam cada vez mais curtos
Cada dia menor e ao mesmo tempo menos dias
E olho para baixo, lá de cima da janela
Até que vale a pena cair, mesmo que sem querer
Sem jeito ou sem a mínima chance sequer
De chegar ao chão inteiro, num momento qualquer
Ou mesmo de me esborrachar e depois me reconstruir
Eu simplesmente tenho medo de existir, para mim
Ocultos segredos antigos, pensamentos modernos
Sobre o mundo, sobre a vida e o que mais possa haver
Descobrir se são verdade também tenho medo de saber
Nem a dor me toca mais, me reconstrua talvez
Um ser melhor e mais digno de te ver
Mesmo assim eu sei que não pulo, eu sei...