O MEDO DE PULAR E CAIR

Quando a luz reflete no teu olhar

E vem direto a mim, e somente em mim

Sem qualquer jeito venho a me sentir

Teu sorriso é dádiva, a meu ver uma escolha

Meu sentimento é uma porta trancada

De uma janela, te olho, assustado, à espreita

Vejo em ti várias certezas, em mim o receio

A janela é alta, eu fico logo um tanto tonto

Eu tenho medo do escuro, escuro longo

A escada está quebrada, a árvore cortada

Às vezes eu me acordo no meio da noite, madrugada

Para ver se vem coragem, essa sumiu coitada

Sem ao menos uma chance de dizer tudo, que nada

O sol raia, o galo grita, a luz brilha sobre a Terra

Meus dias se passam cada vez mais curtos

Cada dia menor e ao mesmo tempo menos dias

E olho para baixo, lá de cima da janela

Até que vale a pena cair, mesmo que sem querer

Sem jeito ou sem a mínima chance sequer

De chegar ao chão inteiro, num momento qualquer

Ou mesmo de me esborrachar e depois me reconstruir

Eu simplesmente tenho medo de existir, para mim

Ocultos segredos antigos, pensamentos modernos

Sobre o mundo, sobre a vida e o que mais possa haver

Descobrir se são verdade também tenho medo de saber

Nem a dor me toca mais, me reconstrua talvez

Um ser melhor e mais digno de te ver

Mesmo assim eu sei que não pulo, eu sei...

Leonardo Jordão
Enviado por Leonardo Jordão em 23/02/2013
Código do texto: T4155245
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