DESAMOR
Nosso amor se perdeu
Por alguma destas esquinas da vida
Se engolfou por entre os ecos do silencio
Como um meteoro
Passou rápido sem contentamento pelos olhos
E se desfragmentou em pedaços
Pelo solo arenoso do esquecimento
Melhor assim sem se engendrar raiz adentro
Ficou na superfície insuflado pelos charcos coagulados dos momentos
Cabelos, pelos, peles, olhos... São filtrados pela lembrança da poesia
Feito criança que dentro do adulto esquece
Que criança foi um dia
Assim vão se morrendo amores como murchas flores
E se não morresse não existiria a palavra desamor
Renascendo noutros seres novos ardores
Novas cores mais fortes mais frias talvez!
Um resto de nós quais estertores se acende outra vez...
Quem sabe assim a puta que pariu um filho mude
Quem sabe assim amiúde a gente noutro colo grude.