HOJE E AMANHÃ
 
 
Hoje, olho-te na foto emoldurada
Beijando-te e orando para voltares,
Atravessando rios e verdes mares
Para se acalentar na antiga morada.
 
Amanhã, meus olhos talvez se anuviem,
Meus lábios não possuam o mesmo sabor
E tu não te sintas o mesmo viajor
Para ver o lar onde te delicias.
 
Hoje, posso dizer o quanto eu te amo,
Com a voz embargada de grande emoção,
Num rápido descompasso do coração,
Quando sôfrega ao correr sempre te chamo!
 
Amanhã, não sei se pronunciarei
As doces e antigas palavras de amor;
Se versejarei nas breves linhas sem dor
Ou se músicas afinadas cantarei...
 
Hoje, abraço-te em meus ditosos sonhos,
Cultivo nosso amor infindo e distante
Na terna pousada da alma – incessante,
Traçando flores nos caminhos risonhos...
 
Amanhã, os meus braços enfraquecidos
Não poderão envolver-te como antes,
Mas terão a nova força contrastante
Pra crivar no infinito os dias vencidos.