Nossos retratos relembrados.
Se pudesse, olharia todos os dias para aquele quadro pendurado.
Se pudesse, dormiria com ele ao meu lado.
Pois tudo que eu vejo e sinto é sobre a sua imagem.
Sabe, quando se ama, não permitimos mais olhar para trás, a não ser se você esteja lá.
E se eu flutuasse pela gravidade que atinge minha alma, você flutuaria comigo?
E se eu te desse as minhas mãos, você conduziria as suas junto às minhas?
Se eu parar algum segundo, é a força do meu pensamento te procurando.
Se eu deixar meus pensamentos fluírem como o mar que vai e volta, seria como nosso amor: às vezes volta à tona, e outras vezes se coloca em xeque.
Retenho-me em dizer, meu amor, dê-me as mãos, por favor, pois sem ti sou como o mar, mas sem ondas, sem areia e sem sal. Não faço sentido.
Se um meteorito cair agora, salve-se. Apenas leve de mim o meu amor, amor. Leve o sol que retém as nuvens mais lívidas.
Que não tenham um tom de cândido as nossas mãos, nossa junção, nosso carinho.
Mesmo que o tempo passe, os retratos serão vistos e relembrados.
Mesmo que lá fora caia uma tempestade, lembraremo-nos do sol que um dia se sobressaiu.
Nada se passa, nada se esquece quando tudo foi vivenciado com amor.
O amor é um consentimento e um sentimento sempre relembrado.
Neste mundo de amor e ódio, o que sobra entre nos são sempre nossas mãos reatadas, nossos corpos seduzidos e nossos retratos relembrados. Renato F. Marques