Renúncia

O Âmago gosto do fel

Indago ainda por clemência

Como posso virar a página

Se ainda o tenho como referência?

Em sintonia procuro em teu enredo, me encontrar

Recolho. Escrevo.

Bach e Chopin me acompanham

Na penumbra renuncio a minha liberdade

Coleto versos, troco palavras

Sussurro em tom de prosa em teu ouvido

“Seu livro não consigo desfechar!”

Entre o meio e fim

Procuro sentir seus sinais

Resquícios de mágoas folheei nesse ínterim

Partes de um enredo triste

Em nosso roteiro não quero mais rascunhar

Debruço-me na soleira da janela

Pensava eu ser protagonista da sua história

Em um capítulo tão familiar

Nos meus braços você aparecia

Mergulhada em carícias eu sorria

Pisco.

No clímax deixei por uns instantes me levar

Livro envolto de fantasias

Hoje encontra-se amarelado de rancores

Histórias novas tentam habitar minha estante

Sou autora de mim

Crio asas, pauto-me em sonhos

Renovo-me, reciclo-me

Sem pausas quero repaginar

Entre sinônimos e rasuras

Nova tradução ao nosso livro quero dar

Em meio a velhos trechos do meu prefácio

Involuntariamente trago comigo

Sua imagem

Você ainda é o personagem

Da trilogia do amor sem fim.