ALFAZEMA

Um beija-flor estalando mel

no bico onde a Natureza é Mulher

descobre: o amor é cru

e o desejo a religião do selvagem

A única visão da poesia é a dança

porque o seu corpo é quando

o anjo conhece no acorde fundamental

a doação, e a doçura é o sinal da magia

A cavalgada é a festa dos gestos loucos

porque no seu espreguiçar de amada

a manhã é a alfazema embriagante

do sexo aberto em puro perdão

Eu beijei a lua e guardo nos dentes a sua intimidade crua

o vento é a vontade de ser cor sonhada fogo

Ao nascer o Tempo eu já era imenso na saudade de você,

feito a cólera que doma o dragão pelo olhar e não há triz

o amor que eu entrego é a fera manifestada na ternura

quando só você importa no mundo de estátuas cobertas pelo arco-íris

Eu sempre vivi infâncias sem limite

animal do amor procuro a carne

na herança sideral que fala pela dança:

a beleza é a santidade da cólera

libertada anjo onde o perdão é a vinda do Amor

no pomar do querer mais seu