Quando viver, irei pro céu

O céu acertou na Rússia uma pedrada,

Já tinha acertado um raio no Vaticano;

colchão d’água onde Sampa tá deitada,

grosso edredom níveo, aos americanos...

outro dia fez voarem telhados por aqui,

inda ousou apagar os nossos lampiões;

o céu pode muito, sou forçado a admitir,

brinca com cinzas, dos nervosos vulcões...

equilibra satélites que estreitam o mundo,

e marca certinho o lugar que o sol nasce;

embaralha frio e calor assim num segundo,

e joga granizos fartos nas minhas alfaces...

mas, há o céu bonzinho, onde anjos moram

qual sei que existe, mas, desconheço ainda;

esse que as naves dos desejos exploram,

que trarás com você, se vieres, minha linda...

mas sei que esse céu requer muito cuidado,

pois, os de vida dissoluta não hão de o ter;

mas a gostosa dádiva de amar e ser amado,

não tem nada de errado, só amor e prazer...