Uma Matuta No Milharal...


Finalmente o carnaval acabou
No Vaticano o Papa renunciou
Mas o romantismo não chegou ao seu ponto final
Pelo menos...
Enquanto existir a morena do milharal
Longe de qualquer possível amor
Ela prepara a terra com o trator
Sulca sem piedade o árido chão
Como quem desenha na terra
Letras rebuscadas de pura paixão
Na plantadeira sementes de milho com veneno
Se deitam entregues ao fértil solo
Como donzelas que nas frias madrugadas
Umedecem os lençóis com o suor do seu corpo moreno
E então o milho vem crescendo robusto
Aquela medalhinha que tu me deste
Agora repousa na maciez do meu busto
Sei que estou longe demais
E que não existe lugar para mim
Na vida daquele velho rapaz
Mesmo assim eu caminho para frente
Aprendi desde cedo que através do trabalho
Coloco comida na mesa de muita gente
Mas sem perder essa brejeira feminilidade
Pois na roça também existem moças de verdade
Sem frescura e sem silicone
Capaz de esperar a vida inteira
Para entregar seu amor a um único homem
Que ao avistá-la assim no meio do eito
Jamais saberá
Que essa cabocla o traz aqui bem dentro do peito 
Meus olhos escondem os sentimentos meio desajeitada
Marejados sob o meu surrado chapéu
Em meio ao milharal existe uma matuta apaixonada
Que atende pelo nome singelo de Raquel...






                                                      



Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 14/02/2013
Reeditado em 14/02/2013
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