O amor
A vidente na sala, traduzindo o fragmento de luz.
As linhas das mãos perderam-se em círculos
Confusos como a vertigem em decomposição...
Não bebo mais unguentos, nem orvalhos.
Há um lastro de tinta apontando o teu caminho,
O caminho que sempre sonhei em seguir contigo
Está ali, em mapas cegos, marcado pelos nossos cálculos bêbados e felizes.
Um sol cego espanta as borboletas que pousam nas crinas dos cavalos.
Leio teu sexo, tateando a excitação desse contexto.
Tua língua lê o centro e a curva do meu seio.
Uso o teu nome na canção que move...
A tua cor, essa tua cor que contrasta com a minha...
Diz-me amor, diz-me que sou a melhor coisa que tu tens em tua vida.
Diz-me que será sempre assim: Eu e você apenas.
Vamos renunciar os caminhos que não sejam nossos, vamos enganá-los,
Com banquetes luxuriosos, com meu sexo em tua língua e o teu sexo em minha boca.
Opacentas são as tardes sem mim, e sem ti, as tardes em que temos que trabalhar, onde os tambores tocam imitando compassos de tempo.
Formosas são as tuas mãos em meu corpo, em minha fenda, formoso é o teu beijo molhado em qualquer parte do corpo.
Formosa é a loucura mais lúcida, aquela em que a nossa história termina sempre num final feliz!
... E não termina.
A luz que engana as linhas das mãos, e engana a vidente, é a luz dos meus olhos lendo-te, em recomeços, descomençando o fim da vida até que não possamos mais existir...