Suspiros d'amor

Oh! minh'amante, onde estás?"

(Castro Alves)

Ao fitar-te os negros olhos,

Recordei-me da beleza

Das mil noites dos amantes…

Das delícias de Veneza.

Teu sorriso era um barquinho,

Navegando à imensidão;

Cada riso — era uma nota!

E o gemido — uma canção!

Juventude imaculada

Nas auroras do porvir…

Só nós dois… amantes… puros…

Sem jamais ter que partir.

Sob a noite suspirante,

O teu seio era uma lua,

Que tão pálida vagava

Inocente… meiga… nua…

O meu ser que viajava,

— Astronauta pelos céus!

Se embebia na pureza

Que exalava… amor! de Deus!

Que harmonias! Que perfumes!

Quanto amor! Quanta alegria!

O teu corpo era tão quente,

Mas a noute era tão fria…

E vestido na mantilha,

Teu corpinho se escondeu.

Inda assim, tu te tremias

E juntaste o corpo ao meu.

Consuelo,…fecha a noite!

Já não vibra a castanhola.

— Disse, então, entre soluços —

Adeus, beijos d'espanhola.

Retornando a velha casa,

Despedimo-nos, sorrindo;

Consuelo! Consuelo!

Eu sou teu, mas vou partindo.

Que loucura! Era só sonho…

Bela história, qual não vi.

Nunca amado fui na vida,

Mas amores… eu senti.

13 de Fevereiro de 2013