LUAS NOS PÉS DESCALÇOS

“Viver é todo dia se inventar... Inventar o real é conquistá-lo...”

Dizer sim, dizer não. Lya Luft, Zero Hora , 09Ago2003.

Tua voz na madrugada

é um canto aos ouvidos antigos,

sempre confinados ao Belo.

Chegas em boa hora, talvez no vento,

no cicio de música na minha janela,

o que sempre dá um pouco de medo,

libertando perdas escondidas na infância.

Sobrevivem imagens, inéditos poemas,

- mais meus que os de outros -

que já respiravam sozinhos.

Estas paisagens vivas lembram um pouco

os desterrados invernos, suas chuvas e ventos,

homens com seus capotes, parecendo ursos,

e mulheres (sempre elas!),

assustadas gazelas disfarçadas de raposas.

E luas nos meus pés descalços,

barcos nunca chegados ao destino.

Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 42.