É NESTE ERMO QUE DOU FRUTO...
O que eu sinto é amor.
Mas não conte a nenhuma pessoa,
se revelar, falo que meu peito é deserto,
que não há lugar para esta aspiração.
É neste ermo que dou fruto.
Talvez, meu amor seja mais
esplêndido, porque não se vê a olho nu.
Tem que saber olhar para distinguir.
É como pegar no rabo de uma nuvem,
primeiro tem que sentir antes de ver.
Depois de ver, repetir, tornar a sentir.
Meu amor sabe palavras que não existem.
Palavras que encantam flores e abelhas.
Palavras que atraem pássaros cantores
e que coloriza as manhãs de abril.
No começo meu amor era nada.
Depois aprendeu a delirar-se!
Meu amor tem voz de poeta.
Numa manhã a poesia apoderou-se dele.
Talvez isso esclareça essa inércia toda.
Mas esse amor tem cheiro de sonho e
a resistência das pedras, a aflição dos
que não amam e vivem secos.
Meu amor tem um olhar de ver azul.
Tem habilidade de equilibrar-se em nada.
Sabe a doçura das bocas famintas de beijo.
Sabe ser oculto nas limpidezes dos dias.
Sabe o que fazer no escuro frígido das noites.
Meu amor tem desenvolturas inimagináveis…