É NESTE ERMO QUE DOU FRUTO...

O que eu sinto é amor.

Mas não conte a nenhuma pessoa,

se revelar, falo que meu peito é deserto,

que não há lugar para esta aspiração.

É neste ermo que dou fruto.

Talvez, meu amor seja mais

esplêndido, porque não se vê a olho nu.

Tem que saber olhar para distinguir.

É como pegar no rabo de uma nuvem,

primeiro tem que sentir antes de ver.

Depois de ver, repetir, tornar a sentir.

Meu amor sabe palavras que não existem.

Palavras que encantam flores e abelhas.

Palavras que atraem pássaros cantores

e que coloriza as manhãs de abril.

No começo meu amor era nada.

Depois aprendeu a delirar-se!

Meu amor tem voz de poeta.

Numa manhã a poesia apoderou-se dele.

Talvez isso esclareça essa inércia toda.

Mas esse amor tem cheiro de sonho e

a resistência das pedras, a aflição dos

que não amam e vivem secos.

Meu amor tem um olhar de ver azul.

Tem habilidade de equilibrar-se em nada.

Sabe a doçura das bocas famintas de beijo.

Sabe ser oculto nas limpidezes dos dias.

Sabe o que fazer no escuro frígido das noites.

Meu amor tem desenvolturas inimagináveis…

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 12/02/2013
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