Em carne viva
Queria acreditar que meu passado recente contigo já não importa,
Queria acreditar que o que inda sinto fosse realidade morta como numa tela.
Queria acreditar que tu já não figuras como a mais bela figura do meu pensar,
Ah como eu queria acreditar.
Mas hoje ao te mirar sorrindo ao lado de quem prova teus beijos,
Senti o insano desejo de estar ao seu lado naquele feliz retrato.
Ser merecedor da tua dor, do teu riso, do teu inferno, do teu paraíso,
Ah como eu queria ser motivo de tudo isso.
Ao ver-te ao lado de meu inconsciente algoz,
Á um fio de ser pranto peguei-me a pensar em nós.
E a ferida que tu sem querer deixaste em mim,
Teimosamente verte minha alma quase no fim.
Faz meu corpo errante pagão.
A saudade não cicatriza,
Não ameniza minha dor.
E enquanto esse amar sozinho agoniza lentamente,
Meu pobre coração sente,
E eu me acho assim em carne viva.