beijos 3loucados

fim de uma manhã inteira

sem ter recebido um torpedo

sem ter tido tempo pro medo

do frio, do sol ou da lua

sem ter que olhar pela rua

e nada poder enxergar

o que será que não houve?

a couve adoça o feijão

não houve nada senão

os afazeres do dia

que aquela índia teria

nas aulas da faculdade

eu é que tinha, em verdade,

que controlar meus anseios

depois do almoço me vou

tenho essa facilidade

volto pra tenda de novo

volto pra minha verdade

que junto com as minhas mentiras

somam a minha idade

que nunca disse pra ela

que diz que não quer descobrir

mas sem me falar uma vez?

será que não teve uma chance?

deixa de ser insolente, cara

espera e espera bastante

se não for o que tu esperas,

manera e siga adiante

terá sido a primeira vez?

não, mas a mais importante

de todas que houve, talvez

a mais estonteante

mas chego em casa e o PC

me encara e eu o escuto

me pede que o ligue pra ver

o que recebi, eu consulto

e o nome dela me VEM

e junto a mensagem de amor

que as ondas do mar não superam

o seu conteúdo e vigor

“frágil sou eu, não você,

mas mesmo assim vou te cuidar

meu homem, meu dono, meu Rei

só com você eu sou eu

e sem você não vou ficar...”

pronto: passou o fim da manhã,

a tarde, a noite, o dia,

sinto o peso do açoite

da tortura que mais queria

e ela não pára aí:

“te amamos, te amamos, te amamos”

inclui a mais bela cria

a dos olhinhos repuxados

e eu mando beijos 3loucados

Rio, 31/08/2006