ARLEQUIMOdir Milanez
Fantasiando a vida de Arlequim,
ascendo ao carnaval da emoção,
procurando doar meu coração
a quem me queira amar, goste de mim.
Durante o carnaval, sou sempre assim.
Levo comigo o coração na mão
para doá-lo à musa, antes do não,
bem antes que a folia tenha fim.
Bobo-da-corte, enfrento esse festim,
da Colombina ainda sem noção,
no frevo fomentando a ilusão
de beijá-la e poder sorrir, enfim!
Bebendo, sou da banda o bailarim,
reinando rodopios de roldão,
seus rodeios roubando-me a razão,
a dança endoidecendo o torvelim.
E lá me vou por cada botequim,
do carnaval seguindo a multidão,
carregando comigo a solidão
dos carnavais da vida de onde vim.
Tateio a timidez de um tamborim.
Meu vozeio vazio vai, em vão,
solfejando soluços de paixão
em cantiga calada de clarim.
E enquanto a turba freva em frenesim,
do meu Bloco de Mim deixo o cordão,
do meu cansado corpo faço chão
e passo a ser da morte um manequim...
JPessoa/PB
08.02.2013
oklima
Sou somente um escriba
que ouve a voz do vento
e versa versos vagantes...
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