Blindarei a angústia, calcinarei os olhos....

Blindarei a angústia, calcinarei os olhos

e tudo o que houver abaixo deles também será queimado

e o coração arrancado

e jogado aos cães para que não sirva para mais nada, exceto,

pulsar inerte e vermelho no chão do patio.

E ainda sim não doerá tanto quanto

os acoites de lembranças

compelidos pela mente, goela abaixo,

contornando os pulmões até acertar

o átrio esquerdo

com o frio de uma bala quente.

Blindarei lembranças de conversas

longas como a tarde e

agradáveis como a primavera,

que sopravam mornas

para dentro dos ouvidos

fantasiando coisas

incríveis demais

para esta vida.

Mas tudo o empurrava

ao contrario, e

ao contrario

também foram as suas paixões.

Sempre ao contrario,

pela contramão

e no fim

ninguém estava lá.

Sentiu que era tarde.

Sentiu vontade de chorar.

Mas interrompeu o pensamento...

já era a hora do chá.

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 08/02/2013
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