LIRA
Ah, Eurídice!
Não desanimes,
pois teu poeta está chegando.
Agarra-te a este fio de esperança,
tem paciência e sonha.
Traze miosótis dos campos
e com eles enfeita teus cabelos,
a fim de recebê-lo bela,
risonha e terna.
Levar-te-á para Ebur,
onde vivem as almas
que nem mesmo a maldição dos deuses
conseguiu separar.
Percebe como começam a alegremente cantar os rouxinóis.
Sente, é ele que chega.
Tu ouves, ao longe, este som mavioso?
É sua lira que soa,
enternecendo os animais,
curvando as árvores
e silenciando as águas do regato.
Vá! Não o deixes aflito.
Corre! O amor é eterno,
nada o destrói.
Voa, amada de Orfeu!
E, desta vez, não olhem para trás...