AMOR ENGENDRADO
Teu coração quando te abraço
É meu porque bates em mim
Quando o meu é a centelha do teu
É como luz de querubim que acendeu e ascendeu
É como se água puramente filtrada passasse pelo meu rim
É como se fosses a extensão de meu braço
Já não sei dormir com outros umbigos
Estou engendrado na raiz de teu coração
Sem você sou joio em meio ao trigo
Te amo pelo que sinto em calhamaço
Sem você estaria extinto
Seria sombra sem sol
Total escuridão não saberia dizer o que sinto
Seria lavadeira sem rol
Seria vela sem procissão
Tu és as teclas de meus suaves toques
Tenho-as escanhoadas na memória
Não tenho como me libertar
Sem tua carta de alforria
Minhas algemas estão na tua ausência
Minhas prisões estão no teu corpo
Não tenho sequer a precisão extemporânea
De me apaixonar por outro desmesurado dorso
Sem você sou um esfomeado etíope
Sou exclusão da vida pegadas míopes
Você é a minha primeira maravilha do mundo
Descarto as outras que sem você
Estão á descoberto diante de meu silencio profundo
Tu és ser no meu ser o sal de meu mar
Tu és meu aperiente
Meu sol nascente
Meu arco iridescente
Meu grito indecente
Minha alma de lama a me amoldar
Que terei muito prazer em lúbrico terreno remodelar
Sou o macho plugado na tua fêmea
Somos um só na cadencia gêmea
Um só na fluídica companhia
Um só sopro que o tempo não silencia...