Minha loirinha dos olhos verdes


Do meu apartamento eu olho o vento
E a nina que sai na janela do quarto andar
Somente para observar se eu estou lá
Aqui eu fico pensado como me expressar
E acabar com este assunto de observar.

A menina dos olhos verdes do Bloco B
Não tem sequer uma maneira para me levar
À noite vou descer para a gente conversar
Você me agoniza abrindo as cortinas verdes
Olhando-me em todos instantes lá da janela.

Eu fico da minha janela de alumínio escondido
Olhando por trás das minhas cortinas azuis
Daqui, eu a vejo buscando o meu rosto na janela
E como não estou. Ela sai rapidamente
Logo, eu apareço e novamente surge, a bela
No Condomínio Cardeal Câmara alegremente.

Ela é mais bonita do que a Sandra de Pilares
Mais ciumenta do que a Roberta de Madureira
Que trabalha na grande e bela Loja Tavares
E mais gostosa do que a Cristina de Bento Ribeiro.

Eu fico confuso ao olhar a nina dos olhos verdes
Ninguém empata esse romance louco de olhar
Hoje à noite, eu vou lhe ensinar a contar as estrelas
E depois como se dá um beijo pra amar e se apaixonar.

Os meus olhos se direcionam na calma
Da Avenida Monsenhor Félix, ela é Irajá
Onde durmo com o som da Rádio Mundial
Loira com uma cauda enorme de cavalo
A nina me segue e de tudo eu faço
Para marcar um mega encontro à noitinha
Por trás da Rua da Padaria de Irajá
Eu quero a loirinha dos olhos verdes
Ela vai ser toda minha naquele escurinho.

Escrito no Rio de Janeiro, Irajá - maio de 1981

Vídeo: 

http://www.youtube.com/watch?v=QCU6gPt_i1A