Cais desilusão

Cais desilusão

Eu sou o marco

de algum amor perdido entre segredos

e uma fúria mansa cheia de medos,

que bebeu do tempo e jamais se envelheceu de amor.

Sou também certa vida que hibernou quase naufragada

em algum porto de sonhos entre ondas engastadas,

no píer de algum claustro de abandono cheio de mansas águas,

mas sou eu quem sou.

Se souberes quem sou, diz ao mundo,

entrega-me à vida novamente, mas sem teus absurdos,

tuas falas desconexas e teus lábios tortos e tão surdos,

para que, mesmo sem portos, possa eu beijar teu cais...