O AMOR ASSASSINO
Sou essência salina
Saliência de Messalina
Só silencio quando estou satisfeito
Com a tua receita de amor
Roubo teu ar rarefeito
Cravo o espinho na flor
E ela fica mais bela quando desabrocha
Pétalas de lábios abertas
Poros de mansos regatos
São doces serras das rochas
Que me fazem subir com as galochas
Em busca das flores amarelas
Um fiapinho de capim limão
Entra e atiça de olor minha mão
Corro pelo chá quente de tua boca aldaz
Que me enfeitiça com um beijo fugaz
Sou homem que ama vorazmente
E enquanto não ouço teu desmaiar em sussurro
Sou príncipe que não chega a ser rei
Teus urros são minhas lanças a contento
Não escuta-lo sobre o movimento
É vento calado que tira o poder da lei
É quase um crime absorto
Um balbuciar roto
É na tua anca que sou ditoso
É no labéu de teus seios cavernosos
Que minha carne vibra como Aladim na lâmpada
Conquistarei minha terra nas tuas entranhas
São custosos os meus deveres de pendulo oscilante
Minha sede é um jardim para borboletas carmesins
Divina é tua pele acetinada com óleo de jasmim
No meu altar me prendestes em real cativeiro
Não sou o dono das terras em sopros de orquestração
Nem tampouco sou dono de meu coração
Tu és minha cilada mais armada que meus súditos
Tens mais força que a floração balbuciada da primavera
Mais se me disseres que não me amas e não me queres
Não faça rodeios como as vagas que não fazem barulho
Colhi imaturo a rubra rosa toda cheirosa de orgulho
Mais também os versos tomados de espinhos
E das envenenadas prosas
Que lascivo tomei-o todo de teu poema
Fatalmente embriagado pelo mosto de teu vinho assassino.