O AMOR ASSASSINO

Sou essência salina

Saliência de Messalina

Só silencio quando estou satisfeito

Com a tua receita de amor

Roubo teu ar rarefeito

Cravo o espinho na flor

E ela fica mais bela quando desabrocha

Pétalas de lábios abertas

Poros de mansos regatos

São doces serras das rochas

Que me fazem subir com as galochas

Em busca das flores amarelas

Um fiapinho de capim limão

Entra e atiça de olor minha mão

Corro pelo chá quente de tua boca aldaz

Que me enfeitiça com um beijo fugaz

Sou homem que ama vorazmente

E enquanto não ouço teu desmaiar em sussurro

Sou príncipe que não chega a ser rei

Teus urros são minhas lanças a contento

Não escuta-lo sobre o movimento

É vento calado que tira o poder da lei

É quase um crime absorto

Um balbuciar roto

É na tua anca que sou ditoso

É no labéu de teus seios cavernosos

Que minha carne vibra como Aladim na lâmpada

Conquistarei minha terra nas tuas entranhas

São custosos os meus deveres de pendulo oscilante

Minha sede é um jardim para borboletas carmesins

Divina é tua pele acetinada com óleo de jasmim

No meu altar me prendestes em real cativeiro

Não sou o dono das terras em sopros de orquestração

Nem tampouco sou dono de meu coração

Tu és minha cilada mais armada que meus súditos

Tens mais força que a floração balbuciada da primavera

Mais se me disseres que não me amas e não me queres

Não faça rodeios como as vagas que não fazem barulho

Colhi imaturo a rubra rosa toda cheirosa de orgulho

Mais também os versos tomados de espinhos

E das envenenadas prosas

Que lascivo tomei-o todo de teu poema

Fatalmente embriagado pelo mosto de teu vinho assassino.

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 01/02/2013
Reeditado em 01/02/2013
Código do texto: T4116735
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