O MEU AMOR
O meu amor por ti é tão lindo e tão intenso
Que não posso suportá-lo
Não posso partilhar sua doçura no olvidre deste sentimento
Nesse pensamento intragável, por quais sorvem
Inefáveis, indizíveis, intraduzíveis emoções...
O meu amor não consigo descrevê-lo...
Está além de um verso ou de um poema
Está além de palavras que surgem incipientes
Na visão de alecrins e lírios do campo
Quando o horizonte calmo e belo me seduz
Além das flores a donairear águas tranqüilas
E orquídeas a sorrirem felizes
O meu amor é inexplicável
Teria de compará-lo a algo palpável e concreto
Mas não quero expor uma foto e sim a intensidade
Deste meu amor...
Teria de dizer inúmeras palavras sobre coisas belas
E o abstrato seriam inverdades
Quanto ao que sinto?
Teria de explicá-lo os Luares apaixonados
E falariam de chamejantes e intensos sóis de dezembro
Porém, com tudo isso,
Teria de cotejá-lo à beleza das praias, dos mares
Teria de diminuir a beleza das estrelas diante meus olhos
Teria de atenuar a formosura que se tramita na passagem
De uma lágrima a um sorriso, de um nada a um tudo
De um grão de areia a um complexo sem fim
E apesar disso, meu cotejar seria inútil
Pois o meu amor realmente é inexplicável
Desculpa-me, ó concreticidade (bela)
Dos horizontes planos e plácidos
Dos ventos éolos, tácitos, ruflos
Ó coisas menores e sem limite!
Desculpem-me entardeceres
Passo-os vislumbrar, ao acaso, às noites nubladas
Desculpa-me tudo que se pode sentir, tocar, apetecer
Não é bem isso que quero expressar...
Não é o canto dos pássaros, nem os perfumes das rosas
Não é o ruflar da vida
Então não dá!
Não consigo!
Perdoem-me os beijos, as lágrimas nos olhos, os gestos...
Não revelam o que sinto, não entendem o meu amor
Não é o que quero transmitir
De forma que eu não possa mais suportar
Que seja inexplicável, irretratável, sem exatidão...
Ah! Quanto inefável, inexplicável e belo é este amor...