Vitalidade
Famintos, não ficamos.
Corpo é nosso alimento
Meus lábios percorrem tua pele nua
A sede é tanta e o manjar tão farto
que a lucidez, se existe, desacentua.
Do cimo brota desejo latente
Da gruta escorre líquido abundante
E bailamos marés e chuvas, delirantes.
Cientes das malícias que provocamo-nos
Ouço teu gemido, teu arfar de peito e
a tua urgência em aninhar-te inteiro.
Vergo meu corpo como alvo pronto
para receber a flecha, sendo tu, arqueiro.
E vamos juntos atingir estrelas
em tremores plenos de gozo certeiro.
Em meio a entremeios
sem pudor e sem receios
somos dois amantes que se dão inteiros.