Sequestro

Agora que você decidiu se banhar comigo,

Podemos rasgar a máscara de nossa roupa;

É que tua pele precisa “ouvir” o que digo,

Ousada vais cortar o cordão de teu umbigo,

Afinal, a fruta tá madura, dá água na boca...

Farei a cama no chão para a gente não cair,

Dessa cavalgada que celebra o desejo de vida;

Pegue-me quando quiseres, nem carece pedir,

Atrapalhe meu sono, pois, não quero dormir,

só ver o prazer no fundo do teu olhar, querida...

Traga tua taça de cristal, meu vinho já borbulha,

E só teu querer me basta como belo enfeite;

Dei um pé na tristeza, fora com essa pulha!

Teu acupunturista já prepara a sua agulha,

Pra tocar no ponto em que dorme o deleite...

Tuas asas cortadas rebrotaram suas penas,

E podes planar sobre os vergéis do amor;

Esse voo vai de tempestuoso a brisas amenas,

Saibam todos, as escolhas são suas apenas,

Ninguém sentirá seu prazer, ou a sua dor...

Mas eu quero partir meio a meio isso tudo,

Alegrias tristezas, comunhão total de bens;

Mudem circunstâncias, sigo fiel, não mudo,

O mesmo de você, devo esperar, contudo,

Sequestre-nos o amor, e não libere os reféns...