FRAMBOESAS
caravanas ciganas caravanas estranhas artimanhas meganhas
era tacanha andar sob o céu da cidade ditaduras lá nas botas
agruras nas grotas mãe de santo ouve longe o santo houve hoje
mas por onde é que eu errei, diga, em sã consciência
qual o tamanho da indecência como foi estar no meio de você
quando você opera na rosa das delícias o motor do mundo estrelas áridas
o que posso eu pobre besta parida podre testa alarida
fode vespa sentida meu relógio é um galo alucinógeno
eu embosco a sua sexualidade arbitrária sorrindo framboesas tóxicas
independente da chuva tenho o peixe na intuição, o que será que eu vim,
como é possível , qual o impossível de ser tão só plano e agressão
na metrópole, não há em mim o infeliz indagativo das elegias pueris,
não exibo alma nua em sangue erógeno, p'ra que sentir
covardes vilipêndios assertivos quando a única busca do fogo
é o amor irracional e inquieto, canibal de todas as certezas e inimigo da dúvida,
não quero romance exijo guerra cósmica e devoração,
bombardeio do anjo em pântano de enxofre e coloral,
a longa noite bárbara espalha escuridão uivada sobre o acampamento
nômade, aonde a farra incauta é um espetáculo racista de depravado
domínio carnal, onde a curiosidade da mulher faz o deleite
do delinquente curandeiro, onde a fome é um basculante,
só a dor de saber se está fora da continuidade é mais terminativa
do que o fim, porque aonde o espírito é o animal de todas as privações
devorar o próximo induz ao sagrado