E Tudo Era Sonho
Costumava eu deitar em teu peito
todas as noites desde que o amor
de mim se apossou e contaminou
cada gota do meu sangue sonolento
E te contava coisas ao pé do ouvido
e te sussurrava ardores que em meu
corpo percorria desmedidamente
e pensava escutar o mesmo de ti
Costumava fechar os olhos já cansados
e respirar teu cheiro que me embevecia
me acalmava e palpitava-me o ventre
em arrepios de doçuras e loucuras
E te fazia dormir junto á mim abraçado
numa cumplicidade nunca antes sentida
que mesmo de tão longe vinhas repousar
em meu leito colorido e em meu alvo corpo
Costumava ao acordar, ainda sentir o calor
do corpo teu e o adocicado do teu beijo
despertando-me uma saborosa manhã
que me faria encontrar-te em toque digitais
E te cobria de mimos e palavras amorosas
não podia ver teus olhos ao recebê-las,
se sorriam ou simplismente as liam
contudo imaginava acelerado teu coração
Costumava de tempos pra cá a pegar-me
sonhando com palavras vindas de tua boca
acariciando meu ouvir e minha fantasia
e acreditava numa simbiose crescente
E então um surto de realidade me assombrou
e a mulher que tanta sonhava e esperava
viu-se menina trancada em seu castelo
E tudo era apenas delírios dos velhos
livros de contos de fadas.