E Tudo Era Sonho

Costumava eu deitar em teu peito

todas as noites desde que o amor

de mim se apossou e contaminou

cada gota do meu sangue sonolento

E te contava coisas ao pé do ouvido

e te sussurrava ardores que em meu

corpo percorria desmedidamente

e pensava escutar o mesmo de ti

Costumava fechar os olhos já cansados

e respirar teu cheiro que me embevecia

me acalmava e palpitava-me o ventre

em arrepios de doçuras e loucuras

E te fazia dormir junto á mim abraçado

numa cumplicidade nunca antes sentida

que mesmo de tão longe vinhas repousar

em meu leito colorido e em meu alvo corpo

Costumava ao acordar, ainda sentir o calor

do corpo teu e o adocicado do teu beijo

despertando-me uma saborosa manhã

que me faria encontrar-te em toque digitais

E te cobria de mimos e palavras amorosas

não podia ver teus olhos ao recebê-las,

se sorriam ou simplismente as liam

contudo imaginava acelerado teu coração

Costumava de tempos pra cá a pegar-me

sonhando com palavras vindas de tua boca

acariciando meu ouvir e minha fantasia

e acreditava numa simbiose crescente

E então um surto de realidade me assombrou

e a mulher que tanta sonhava e esperava

viu-se menina trancada em seu castelo

E tudo era apenas delírios dos velhos

livros de contos de fadas.

Sol Lopes
Enviado por Sol Lopes em 27/01/2013
Reeditado em 27/01/2013
Código do texto: T4107191
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