Casos e por acasos
Ali, sentado numa mesa de bar,
divagando entre a poesia e a loucura
numa incessante procura
daquilo que caiu meio ao vão.
Assim, nada melhor que um chopp
para preencher o vazio existencial.
Para curar esse mal,
Essa dor que deixa-nos mais belos.
Contemplo um ser “estranho”,
que como eu toma sua cerveja “sossegada”.
Convido-a a sentar-se comigo
e conversamos descompromissadamente.
Diga-me moça, diga-me moça, diga-me:
O que inebria o teu ser?
E o que dilacera este teu olhar
que brilha pelas janelas da tua alma?
O álcool torna a vida agradável,
é como a neblina regando a madrugada.
Os diálogos tornam-se mais soltos e ácidos.
E o por do sol mistura-se com a chuva
que vai caindo e molhando o mundo
inteiro em meus sonhos infantis.
Vejo-a como um vulcão adormecido,
prestes a acordar do seu sono hibernal
e deitar larvas sobre a chuva que aguou
os nossos copos.
É necessário caminhar a beira do precipício,
pois do outro lado da montanha
existem florescentes jardins.
Posso sentir o seu perfume,
doce como uma pinga com mel e limão.
Nesta hora me pergunto;
Onde está o eu e a autoconsciência?
Cadê a metafísica e suas verdades transcendentes?
Pra ser sincero não me interessa.
Neste momento sou pura sensação “kantiana”,
matéria, metamorfose, passionalidade, emoções.
Vejo-a como um rio em dias de enchente.
Superfície bela e tranquila, mas suas entranhas
mais parece um sorvedouro.
Mas de repente, mais que de repente
Ela “espragueja” o rato perdulário que roeu o seu
queijo.
Nesta hora é melhor fritar um ovo ao chegar em casa
Ao invés de comer migalhas que cai da mesa de seu
senhor.
Eu prefiro um miojo mexicano hot.
É hora de suspender temporariamente
a embriaguês e pegar o ônibus para casa.
Entorpecidos e felizes
Erguemos uma taça brindando a vida.
Sim, a vida, viva La vida loca,
Única e inefável, pois amanhã pode ser tarde.
Prefiro arrepender-me que em casa me esconder.
Um momento, por favor;
Os amigos completaram o cair da noite
de nossa mesa.